Encontro Anual de Ferrovias do Brasil Central apresenta panorama de desafios, oportunidades e investimentos para Goiás

A Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) recebeu, nesta quarta-feira (8/5), especialistas de renome nacional na primeira edição do Encontro Anual de Ferrovias do Brasil Central. A proposta do evento é analisar o cenário nacional de rodovias e promover discussões de nível técnico e econômico para subsidiar o crescimento do setor ferroviário do Brasil e atender às projeções de crescimento do país, em termos de produção e população, nos próximos 20 anos.

Os painéis que compõem a programação tratam do panorama geral do transporte ferroviário nacional, bem como das etapas principais de empreendimentos de implantação e da integração logística desse tipo de transporte com outros modais como o rodoviário e o hidroviário.

De acordo com o presidente da Goinfra, General Antônio Leite dos Santos Filho, Goiás tem uma posição logística privilegiada, mas é necessário avançar em soluções logísticas ferroviárias que acompanhem o ritmo de crescimento do país, impulsionado pelas produções agroindustriais. "É nesse tipo de ambiente que nascem e do qual ecoam ideias que moldarão o futuro do estado e do Brasil".

 

PANORAMA

 

Na primeira exposição da manhã, o superintendente de empreendimentos da Infra S.A., Tharlles Fernandes, apresentou as características atuais e perspectivas para o quadro geral de ferrovias no Brasil, com recorte para os estados que integram a região do Brasil Central (Distrito Federal (DF) e os estados de Goiás (GO), Maranhão (MA), Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS), Rondônia (RO) e Tocantins (TO)).

 

Segundo Tharlles, o país tem cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias, mas apenas 40%, cerca de 12 mil quilômetros, estão em operação. A meta é dobrar essa malha até 2035. A projeção é uma necessidade para suportar a demanda de crescimento alavancada pelo agronegócio em Goiás e Mato Grosso, que atinge a estimativa de 300 milhões de toneladas em 10 anos, apontada por estudos da Infra S.A..

 

Atualmente, afirma Tharlles, o país não tem condições rodoviárias para suportar esse aumento, de modo que torna-se necessário facilitar a implantação de ferrovias e sua operacionalização. “O poder público precisa propor soluções para minimizar a burocracia e a insegurança jurídica que afasta os investimentos. Por outro lado, precisamos aproveitar a celeridade que a iniciativa privada oferece em termos de contratação e operação. Os benefícios dessa junção de esforços são diversos, como aumento de contratos público-privados, crescimento do mercado de engenharia, aumento de empregos, integração intermodal, entre outros”,

 

PROCESSOS DE GESTÃO

 

O segundo painel do dia foi apresentado pelo analista de Infraestrutura e Transportes do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Eloi Palma, que falou sobre o avanço dos processos de gestão em longo prazo para poupar recursos no futuro e se evitar acidentes nos entroncamentos com rodovias. O destaque, segundo ele, vai para os Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEAs), que propõem soluções para implantação de novos empreendimentos ferroviários e para eliminação de conflitos urbanos com outros modais de transporte.

 

De acordo Eloi, os EVTEAs incluem traçados alternativos para contornos e variantes para facilitar a adequações aos projetos de execução na perspectiva ferroviária.

 

“Temos que considerar estratégias de longo prazo, de crescimento de malha e de aumento de capacidade, assim como o crescimento das cidades. Às vezes um metro a mais adotado no planejamento faz uma diferença de milhões de reais no futuro. Melhor desembolsar mais na execução para se conseguir mais benefícios na operação. A busca tem que ser pelo equilíbrio desses fatores para beneficiar todo o projeto e todo o país. Precisamos apresentar várias alternativas para se chegar aos ajustes mais adequados na fase de engenharia”, ressaltou Eloi.

 

INVESTIMENTOS

 

O terceiro painel da agenda ficou sob responsabilidade da Rumo S.A. cujo, representante Rodrigo Verardino, discursou sobre as operações da empresa na Ferrovia Norte Sul. Segundo ele, o cenário atual é de aumento de investimentos para beneficiar a ampliação das operações. A companhia se prepara para investir R$ 2,5 bilhões no Porto de Santos e constrói dois novos terminais em Goiás, em Porangatu e Rio Verde.

 

“O volume de transporte praticamente dobrou entre 2015 e 2023. No mesmo período, o consumo de diesel reduziu 29% e os acidentes com pessoal caiu 83%. É uma perspectiva de crescimento. Apenas em Goiás, o transporte de grãos, como milho, farelo e soja, mais que dobrou nos últimos 4 anos. Saímos de R$ 3,3 bilhões de toneladas para 7,7 somente para exportação. Essa realidade ampara o investimento de R$ 2,5 bi que faremos e que está na fase de licenciamento”, reforçou Verardino.

Informações ao Cidadão